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Blockchain

Primeiro a Disney “cria”, com a ajuda dos seus ex-funcionários, George Sarhanis e Joe Roets, o seu próprio blockchain, batizado de Dragonchain, que dá às empresas a possibilidade de escolher quais informações querem divulgar. Depois, a International Business Machines (IBM) lança uma nova plataforma do banco de dados capaz de diminuir os custos e o tempo entre transações internacionais, em parceria com as empresas de serviços financeiros KlickEx Group e Stellar.org.
 
No Brasil, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão também não ficou atrás e desenvolveu, em conjunto com a Microsoft e a ConsenSys, empresa especializada em blockchain, um projeto piloto para avaliar como a tecnologia pode ajudar as autoridades a verificar documentos registrados em cartório. Este breve panorama serve para mostrar como o banco de dados de base descentralizada está sendo cada vez mais procurado como solução pelas grandes companhias de diversos setores.

O fato é que, se no princípio, as empresas tinham receio de usar o blockchain, porque o sistema de segurança registra todos os passos de uma transação e deixa as informações disponíveis publicamente, aos poucos elas estão encontrando uma saída para contornar essa situação. Pois, assim como o Dragonchain, da Disney, e plataforma da IBM, essas mesmas empresas estão buscando uma maneira de usufruir de todo o potencial do blockchain sem que para isso se sintam vulneráveis. Como?

“No cenário da IoT, a tecnologia blockchain pode proporcionar uma forma de rastrear a história de cada dispositivo, registrando a troca de dados realizada com outros dispositivos, serviços web e com usuários humanos”, afirma Rodrigo Lima Verde Leal, especialista do CPqD. “Pode, também, permitir que dispositivos inteligentes assumam o papel de agentes independentes, que conduzem de forma autônoma uma variedade de transações”, acrescenta Rodrigo.

Entre os exemplos de aplicações de Internet das Coisas que podem se beneficiar do blockchain, o especialista, que atua na formulação de propostas de projetos de inovação tecnológica, com parceiros industriais e governamentais, menciona o monitoramento remoto de ativos de elevado valor, o controle de identidade dos dispositivos IoT (por exemplo, para registro e permissão de acesso a diferentes aplicações), o rastreamento de uma cadeia de produção, envolvendo vários fornecedores, e a gestão da distribuição e venda de produtos como medicamentos de uso controlado e alimentos (como carne e orgânicos).

“Em um futuro em que teremos uma Internet das Coisas autônoma e descentralizada, o blockchain poderá ser o arcabouço que dará suporte ao processamento e coordenação das transações entre dispositivos. Nesse contexto, cada dispositivo deverá gerenciar seus próprios papéis e comportamentos”, prevê o especialista do CPqD, que afirma, ainda, que isso tornará mais viáveis os modelos de negócios transformadores. 
 

“Em um futuro em que teremos uma Internet das Coisas autônoma e descentralizada, o blockchain poderá ser o arcabouço que dará suporte ao processamento e coordenação das transações entre dispositivos”
Rodrigo Lima Verde Leal, especialista do CPqD


Satisfação
No início de outubro, a empresa americana de telecomunicação, Avaya, apresentou na Semana de Tecnologia GITEX, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o Happiness Index on Blockchain, (Índice de Felicidade com Blockchain). Uma solução que mostra, pela primeira vez, como as tecnologias disruptivas, entre elas o blockchain, a inteligência artificial e a análise avançada de dados podem ser aproveitadas para transformar a experiência do cliente. 

“Trabalhar com volumes imensos de dados históricos e em tempo real para entender a satisfação do cliente é um desafio enorme para os nossos clientes. Ao aplicar o blockchain, a análise de dados e a inteligência artificial em diferentes fontes e perfis de dados, criamos uma solução global exclusiva que permite que as empresas de grande porte meçam e gerenciem o sentimento de cada um dos seus clientes, enquanto a experiência acontece.”, disse Laurent Philonenko, diretor de tecnologia da Avaya, na GITEX.

Com o Happiness Index on Blockchain, a Avaya está mostrando como as empresas e as agências do governo podem alavancar o blockchain para coletar e integrar, de maneira segura, dados de múltiplas fontes, como centros de contato diferentes, e-mails, mídia social, internet e plataformas de chat. Ao filtrar seletivamente e off-line os dados e monitorar as fontes de dados em tempo real, as empresas podem medir dinamicamente os níveis de satisfação do cliente e transformar as experiências para cumprir seus objetivos de nível de contentamento.

Atualmente, muitas empresas estão tendo dificuldades para transformar os volumes imensos de dados que possuem sobre seus clientes em insights úteis. Uma pesquisa da Gartner revelou que 89% das empresas esperam utilizar o quesito experiência do cliente como elemento principal de concorrência, ao passo que apenas 6% das empresas na pesquisa do Aberdeen Group disseram que estavam extremamente satisfeitas com sua capacidade de utilizar os dados para aprimorar a jornada dos clientes.
 

"Ao aplicar o blockchain, a análise de dados e a inteligência artificial em diferentes fontes e perfis de dados, criamos uma solução global exclusiva”
Laurent Philonenko, diretor de tecnologia da Avaya


Revolução
Para o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), Eduardo Diniz, o blockchain é uma tecnologia com potencial revolucionário e está chamando muita atenção pelas mais diversas possibilidades de aplicação. “Muitos a consideram como uma nova fase da internet, chamada de ‘Internet do Valor’, que a diferencia da fase atual que conhecemos como ‘Internet da Informação’, diz o educador, que coordenou, no dia 24 de outubro, um debate sobre o uso do blockchain em diversos setores no país. 
Para Eduardo, uma forma simples de entender a diferença entre essas duas fases da internet é imaginar que a primeira foi transformar a carta tradicional via correio no e-mail, enquanto a segunda nos permite fazer pagamentos internacionais de maneira tão simples, transparente e barata quanto enviar um e-mail.
  
“Além do impacto em modelos de pagamento, com a criação das criptomoedas, o blockchain tem sido considerado também uma tecnologia que vai provocar impactos importantes nas mais diversas áreas como: registro de propriedade, logística, registro médico de pacientes e monitoramento de emissão de gases de efeito estufa”, explica. 
 

“O blockchain tem sido considerado também uma tecnologia que vai provocar impactos importantes nas mais diversas áreas”
Eduardo Diniz, professor da FGV EAESP

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