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Realidade Aumentada

Salvador, capital da Bahia, cidade turística que contrasta o tradicional com a tecnologia. Estamos no centro empresarial de uma das avenidas mais movimentadas da capital baiana, onde os prédios altos e imponentes abrigam, dentre os diversos profissionais, especialistas da área de TI. Não muito distante daqui, existem escolas de fomento à pesquisa no setor de tecnologia e inovação. Passamos por portarias com sistema inteligente de acesso, pegamos elevador cujo andar é mencionado por uma voz eletrônica e andamos por corredores onde as lâmpadas acendem e apagam sozinhas. Sem perceber, lidamos com tecnologias que, até um certo tempo, seriam abordadas, por muitas pessoas, como algo "futurístico". No entanto, estamos falando de uma realidade. E qual será o próximo passo rumo à evolução?
Vivemos o tempo da Internet das Coisas, das Smart Cities, dos Escritórios Inteligentes, e estamos nos lançando na Realidade Aumentada (R.A.), que só agora vive o seu auge, acompanhando a fama do jogo Pokémon Go. A Realidade Aumentada é uma área de conhecimento que promete se tornar uma ferramenta muito útil em diversos segmentos. Atualmente, o mercado publicitário é o maior consumidor dessa tecnologia, de acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e a tendência aponta para outros possíveis mercados em expansão, com aplicações médicas, no esporte, na educação, cultura e infraestrutura, por exemplo. A área é vasta para novos equipamentos, software de desenvolvimento e novas aplicações em campos diferentes, visando melhorar o nosso dia a dia.
Embora a primeira experiência com a Realidade Aumentada date de 1968, em um livro de ficção, o desenvolvimento da tecnologia exigida pelos sistemas de R.A., entretanto, ainda está em curso nos laboratórios de universidades e empresas. "A realidade aumentada contribui para maximizar a interatividade, confiabilidade e atratividade. Com ela é possível melhorar desde um curso primário, trazendo as crianças para um ambiente mais interativo, atrativo e lúdico, até um treinamento com alto grau de complexidade, através de simulações de equipamentos e manipulação muito próximas aos do mundo real", pondera o professor e Doutorando em Modelagem Computacional na área de Realidade Aumentada, Fábio Britto.
Para o professor, a euforia pela R.A. não é passageira. "Essa tecnologia tende a revolucionar o cotidiano das pessoas e empresas de forma perene", defende ele. Apesar dessa grande relevância ter sido evidenciada somente agora, essa tecnologia já era utilizada há muito tempo, mas sem a definição científica de Realidade Aumentada. Fábio explica que, há algum tempo, quando assistíamos aos jogos de futebol na televisão, nas cobranças de falta, já víamos, virtualmente, qual era a distância mínima que a barreira tinha que ficar da bola. "O que aconteceu é que, recentemente, muito por conta da explosão do jogo Pokémon Go, as pessoas começaram a entender o que é e qual a aplicabilidade da Realidade Aumentada", argumenta.
De acordo com o professor, por fazer parte de uma área transversal, que é a computação, esse tipo de tecnologia pode contribuir significativamente em diversos setores. "Entretanto, atualmente, pela grande quantidade de possibilidades, acredito que o setor mais promissor é o industrial, mais especificamente na manutenção, localização e identificação de peças e componentes. A Realidade Aumentada aplicada a esse setor permitirá o aumento da produtividade, precisão, confiabilidade e a redução efetiva de custos. Atualmente esse setor é chamado pelo termo Indústria 4.0", explica.

"Essa tecnologia tende a revolucionar o cotidiano das pessoas e empresas de forma perene" (Profº Fábio Britto)

Aplicações da R.A. O Sebrae aponta a publicidade como maior consumidora da Realidade Aumentada (R.A.), mas outros setores vêm utilizando essa tecnologia para os seus produtos, como é o caso da empresa Papel e Estilo, que adaptou os tradicionais convites de casamento com a Realidade Aumentada. Assim, através do convite impresso, o convidado pode visualizar o vídeo gravado pelos noivos. Com a R.A., é possível transformar a imagem do casal em um vídeo, som ou animação em 3D.
E se você pudesse ver como ficará um móvel na sua casa, antes de comprá-lo? Essa é a ideia da Ikea, que desenvolveu um aplicativo com a R.A. para o seu catálogo impresso. Através do aplicativo, ao ler o catálogo, o usuário se depara com um item que gosta e o posiciona em algum local da casa, para visualizar como o móvel deve ficar no local.
Em maio deste ano, o grupo Abril aderiu ao uso da Realidade Aumentada nas suas revistas. "Por meio do aplicativo Blippar, o leitor terá acesso a outra realidade - a aumentada. Funciona assim: ao apontar a câmera de um smartphone ou tablet para as páginas que contenham o ícone do MV, de Mobile View, como VEJA batizou o novo recurso, o leitor vai deparar com um conteúdo virtual na tela do aparelho", divulgou a editora em sua página. A Educação também é beneficiada. O Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai) é um exemplo de instituição que vem investido na educação aliada à tecnologia da Realidade Aumentada (RA). O Senai adota a R.A. em seu material didático. Com isso, estudantes de cursos técnicos em todo o país utilizam aplicativos desenvolvidos para ajudar no ensino em sala de aula e em cursos a distância. Dessa forma, o aluno aponta a câmera do celular para o livro com a realidade aumentada e vê figuras projetadas em 3D. Já o Laboratório de Desenvolvimento de Software do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) tem um projeto de Realidade Aumentada para Deficientes Auditivos no Ensino - Aprendizagem. "Através de marcadores e câmeras web, os alunos poderão visualizar animações autoexplicativas dos principais temas e assuntos de várias disciplinas, gerando, assim, condições qualitativas ao seu entendimento e aprendizado. As imagens serão capturadas, em tempo real, na forma de vídeo, com a utilização de câmeras comuns", explica a nota na página do laboratório.
Na indústria e engenharia, já é possível acompanhar o desenvolvimento de uma obra apontando o tablet e vendo a construção no futuro, de forma virtual. Além disso, a Realidade Aumentada deve ser implantada, cada vez mais, em manuais de carros. Trabalhadores da indústria automobilística já tem a possibilidade de usar essa tecnologia na área de design de produtos. A General Electric (GE), por exemplo, já está testando o recurso como uma forma de facilitar inspeções em plantas industriais no Brasil. A empresa fez seu primeiro teste em uma plataforma de petróleo e os engenheiros responsáveis, em vez de lerem manuais e guias para a inspeção, passaram a apontar a câmera de um tablet para os equipamentos, como se estivessem filmando-os. Também tem novidades na saúde. No Ifba, há um projeto envolvendo a Realidade Aumentada aplicada à Bioengenharia Crânio-Facial, cujo foco é a criação de um modelo computacional para a visualização de dados médicos, como exames ou próteses, compostos com a imagem em tempo real do paciente. Para isso, técnicas de Visão Computacional deverão ser aplicadas na etapa de captura e técnicas de Realidade Aumentada nas etapas de registro e composição dos dados. Tal modelo deve ser capaz de: a) identificar a face do paciente em um fluxo de vídeo b) compor, em tempo real, os dados médicos a serem analisados a esse fluxo de vídeo c) acompanhar os movimentos do paciente mantendo consistente a composição do fluxo de vídeo e dos dados médicos. Em março deste ano, a Microsoft apresentou, oficialmente, o HoloLens, óculos de realidade aumentada. A empresa demonstrou como o HoloLens é útil para estudantes de anatomia, por exemplo, que, com esses óculos, podem ver os órgãos do corpo humano em 3D. ".atualmente, pela grande quantidade de possibilidades, acredito que o setor mais promissor é o industrial, mais especificamente na manutenção, localização e identificação de peças e componentes." (Profº Fábio Britto)

STARTUPS
No Brasil, algumas Startups estão aproveitando a era da Realidade Aumentada para desenvolver estudos e projetos nessa área. Confira alguns exemplos:
Digital Illusions
Essa Startup é desenvolvedora do aplicativo Ar.on, que adiciona, a objetos, novas possibilidades de interação e conteúdo. Assim, por exemplo, é possível que uma propaganda em uma revista se torne uma nova plataforma interativa com o consumidor. No seu modelo de negócio, o usuário instala, gratuitamente, o aplicativo, enquanto as empresas que queiram incluir uma interação no seu produto ou serviço precisam contratar a Startup.
Eruga
Startup que trabalha na área de educação. Por meio de um dispositivo, que pode ser um smartphone, tablet ou smart glass, o aluno aprende em um livro didático interativo e em três dimensões.
Metaio
A empresa, que surgiu em 2003, ficou conhecida por grandes projetos de Realidade Aumentada, como um site para a Ferrari em que o cliente faz um tour virtual em um dos carros da marca e um aplicativo para turistas que visitam Berlim. A startup foi comprada pela Apple, para desenvolver seus próximos lançamentos usando a tecnologia. RApp39s Studio
Incubada no Incubatep, no Instituto de Tecnologia de Pernambuco, essa Startup desenvolveu o projeto EducAR, jogo educacional baseado na tecnologia de Realidade Aumentada. Até o Snapchat A concorrência entre o Instagram e o Snapchat não deve parar tão cedo. Desde que o Instagram assumiu que copiou a ideia das Stories, publicações que somem após 24h, do "Snap", desenvolvedores deste aplicativo vêm formulando uma ideia para se sobressair ao "Insta". De acordo com o site Tecmundo, a empresa estaria focada em desenvolver produtos relacionados à Realidade Aumentada. Ainda segundo o site, o Snapchat está com profissionais da área e aquisições de softwares de R.A., em sua equipe. Em março deste ano, ex-funcionários da Nokia e Logitech reuniram-se em um projeto secreto capitaneado pelo Snapchat. O que chamou a atenção é que os profissionais presentes no encontro têm ligação com desenvolvimento de hardware, especialmente na área de wearables (dispositivos "vestíveis", como óculos de Realidade Virtual ou Aumentada). Ainda de acordo com o Tecmundo, fontes envolvidas com diversos fabricantes de dispositivos vestíveis confirmaram o contato do Snapchat com a intenção de desenvolver protótipos de um headset. No entanto, não há, ainda, confirmação oficial do Snapchat sobre o assunto. Leia a revista

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