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Empreendedorismo digital: nordestinos aprovam na inovação para faturar em larga escala

O Empreendedorismo.

A palavra está há apenas 15 anos no dicionário do país, mas o seu significado, há séculos, faz parte da vida dos brasileiros. Três em cada dez brasileiros com idade entre 18 e 64 anos possuem seu próprio negócio, segundo a última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Com índice de 36,4%, o Nordeste mantém uma média superior à brasileira (34,5%) e lidera o ranking das regiões. Isso significa que um terço da população nordestina, o equivalente a cerca de 12 milhões de pessoas desta faixa etária, tem uma empresa ou está envolvida com a criação do próprio negócio. Bahia, Ceará e Pernambuco concentram o maior número de empreendimentos de micro e pequeno porte.

Para o superintendente do Sebrae na Bahia, Adhvan Furtado, o Brasil é o mais empreendedor do mundo por uma questão cultural. "O brasileiro tem uma capacidade de adaptação impressionante quando está diante das dificuldades. As pessoas sempre são capazes de complementar a renda ou investir em algo que gere retorno. É uma característica natural da população", opina. Para ele, a liderança da região Nordeste é um reflexo do crescimento econômico nos últimos anos: "Foi a região que mais cresceu, então, os números tendem a acompanhar este crescimento".

O analista do Sebrae Ceará, Glauber Uchoa, complementa que, atualmente, existe um ambiente muito mais favorável ao empreendedorismo. "O avanço tecnológico permite pessoas comuns, com poucos recursos, criar produtos excepcionais e achar público para esses produtos. Dá para começar a empreender com muito pouco", opina. Na Bahia, as micro e pequenas empresas e os Microempreendedores Individuais são responsáveis por 26% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os investimentos ainda estão concentrados em setores tradicionais como comércio e serviço. Juntos, eles são responsáveis por 80% das atividades dos pequenos negócios, segundo última pesquisa feita pelo Dieese. Quando pensa em investir, a maioria ainda opta por áreas como alimentação e vestuário. Apesar de fazer parte de um percentual menor, um modelo vem sendo ampliado no Nordeste e chama atenção pela alta capacidade de gerar receita e de impulsionar a inovação e a produtividade do país. São as startups, empresas novas, de base tecnológica e que têm grande potencial de crescimento. Ou, de acordo com a definição do americano e acadêmico do empreendedorismo, Steve Blank, empresas que buscam um modelo de negócios que seja repetível e escalável. Entende-se como repetível, o negócio capaz de vender o mesmo produto ou serviço para todos os clientes, sem ter de adaptá-lo ou criar novas estruturas para isso. E como escalável, aquele capaz de atender clientes em grande escala, por vezes, em escala global.

Estas mentes jovens - segundo levantamento feito pela ABStartup, a maioria deste tipo de empreendedor tem entre 25 e 30 anos - estão focadas em desenvolver softwares, sites e aplicativos que tornam o dia a dia dos seres humanos cada vez mais fácil. A ampliação desses empreendimentos deve-se a uma série de fatores, dentre eles, à ampliação do apoio público/privado. Nas últimas décadas, pastas voltadas para a área de TI e empresários do ramo atentaram-se para a importância de investir nesta área. A expansão do número de incubadoras e aceleradoras em parques tecnológicos, universidades, instituições sem fins lucrativos ou ambientes privados também incentivaram este crescimento.

Uchoa ressalta que, no Ceará, as Universidade Farias Brito, Unifor, Universidade Estadual e Federal do Ceará estão atentas a esse movimento e criaram programas de apoio aos estudantes que querem empreender nesse universo. Outras iniciativas importantes, segundo ele, consistem na profusão de ligas empreendedoras, em sua maioria formada por jovens, como é o caso da Federação de Empresas Juniores, Liga de Empreendedorismo Universitário, Junior Archievement, Associações e Federação das Associações de Jovens Empresários e a CDL Jovem. Este mês, mais uma aceleradora foi inaugurada na região com aporte de R$ 35 milhões. Embarcada no Porto Digital, em Recife (PE), a Jump está com inscrições abertas até o dia 29. O primeiro ciclo de aceleração vai selecionar cinco startups e a previsão é de que, a partir da segunda turma, dez empresas sejam aceleradas durante um período de cinco meses. Cada uma receberá R$ 40 mil para estruturar o modelo de negócio. Além disso, os selecionados contarão com atividades de capacitação, mentoria, consultoria empresarial, conexão com investidores e seminários.

De acordo com o IBGE, a cada ano os negócios digitais no Brasil crescem 28% e movimentam R$ 28,8 bilhões. Conforme a GEM, 15,8% dos empreendedores iniciais da região consideram o seu produto ou serviço novo para alguns ou para todos. Além disso, 66,7% das pessoas que começaram recentemente um negócio no Nordeste investiram por oportunidade, segundo a GEM. Este percentual vem crescendo de forma expressiva e contínua nos últimos três anos. "As pessoas estão empreendendo mais por oportunidade do que por necessidade. Isto é importante, porque, em um ano de estagnação econômica, de ajustes financeiros e de menor crescimento, esses empreendimentos conseguem se adaptar mais rápido e manter a economia dinâmica", diz Adhvan.
Para o superintendente de aceleração do Porto Digital e gerente da Jump, Pedro Henrique Souza, o país vive um momento de proliferação das startups motivada, em grande parte, pela relativa facilidade em montar uma. "Existem ferramentas acessíveis que ajudam os idealizadores a tirá-las do papel", afirma.
Ao contrário do que é difundido por aí, ganhar muito dinheiro em pouco tempo não é o único ou principal objetivo de quem investe em soluções de TIC ou da Economia Criativa. A TI Nordeste conversou com jovens empreendedores de duas startups que são referência na região, uma ainda no início e outra já estabelecida. Pessoas que demonstraram trabalhar por amor a sua idéia e que se realizam ao vê-la crescer e mudar, de alguma forma, a vida das pessoas. Para Pedro, paixão pelo que produzem é essencial aos idealizadores. "Os maiores cases de sucesso que conheço são de empreendedores literalmente alucinados pelo seu negócio. Muitas vezes ele vai passar mais de 12 horas trabalhando, ignorar feriados e fins de semana por conta dele. Se não amar o que faz, será muito difícil persistir", opina. A Pastar Ver o seu projeto crescer e transformar a vida dos produtores rurais brasileiros, no momento, é o principal foco do estudante de engenharia mecânica Matheus Ladeia, 21, e de seu sócio, o cientista da computação Caio Lima, 22. "Pastar é a primeira palavra que me vem à cabeça quando eu acordo e quando vou dormir. Dedicamos a nossa vida a esta ferramenta", diz Ladeia. A solução, idealizada pelo estudante de engenharia mecânica, é uma central de negociações para o produtor rural, com foco na pecuária. Trata-se de um site online gratuito que oferece resultados online e offline para as buscas feitas por produtores rurais. "Hoje, o produtor encontra em nosso site quem compre o gado magro dele, quem troque um boi por outro, ou quem compre o seu carneiro. Além de apresentarmos tudo que está disponível na web, linkamos esses produtores com corretores cadastrados na nossa base", explica. Matheus não hesita em dizer que a Pastar é, atualmente, o maior centro de negociações pecuárias do mundo. Quando surgiu, em setembro de 2013, o site promovia apenas o aluguel de pastos para produtores que passavam por momento de seca. Com o tempo, notou que precisava expandir as negociações: "Sentimos que além do tamanho do mercado não ser autossustentável, existia uma gama grande para ser atendida, que eram os derivativos".

O site tem uma média mensal de 8 a 10 mil acessos e de 1800 pesquisas. Há uma estimativa de que já foram feitas mais de 100 negociações por meio da página, movimentando R$ 3 milhões. O site é acessado em todo o país, com maior alcance na Bahia e Minas Gerais. Apesar da quantidade de acessos, o modelo de negócio ainda é um dilema para a startup. "O produto da Pastar ainda não gera receita. É uma base que cresce, em média, 400 acessos ao mês, mas ainda não gera receita", acrescenta Ladeia. Ele conta que já pensou em monetizar em cima das transações realizadas, mas se deparou com alguns problemas: "Se ganhássemos por transação, passaríamos a ser corresponsáveis pelo produto. E, apesar de o agronegócio representar 35% do PIB baiano e 23% do PIB do país, ainda. Os sócios também já pensaram em ganhar por lead, mas o número de pesquisas ainda é insuficiente. Agora eles caminham para um modelo de negócio que consiste em cobrar mensalidade dos corretores. "Vamos testar este modelo, mas ainda não sabemos se dará certo. Nosso foco hoje é crescer a base, gerar mais oferta, mais compradores e mais tráfego. E quando tivermos 1 milhão de visualização por mês e 600 mil usuários, pensaremos numa forma de gerar faturamento", diz Matheus.

O Brasil concentra cerca de 5 milhões de produtores rurais e, para tornar o negócio sustentável, o empreendedor espera atingir pelo menos 10% do público alvo. Para isso, eles precisam mostrar para os produtores que comprar pela internet é uma coisa legal e segura. "Nosso público ainda é desconfiado. É um desafio que topamos enfrentar", completa. Enquanto ainda não gera faturamento, a startup é mantida graças à captação de recursos federais e ao apoio privado. Em setembro do ano passado, a empresa foi agraciada pelo Startup Brasil com uma bolsa de R$ 200 mil para a contratação de profissionais. O grupo - hoje formado por sete pessoas: três sócios e quatro funcionários - também recebe o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), por meio da Acelera Cimatec. Além disso, eles já conseguiram levantar capital com um investidor anjo. O valor e a fonte não são revelados, mas, segundo Matheus, o investimento foi feito por um grupo de empresários baianos. A equipe também espera gerar uma receita de R$ 400 mil este ano com os leilões,realizados a pedido de leiloeiras.

Para tirar a Pastar do papel, os sócios investiram inicialmente R$ 11 mil e contaram com apoio da incubadora da Unifacs, universidade particular de Salvador. Para quem está começando e pensa em criar um aplicativo para ganhar muito dinheiro, Matheus aconselha: "Criar um aplicativo viral não é a solução para faturar. O sapateiro surgiu para atender a um número grande de pessoas que não tinha condições de comprar sapatos novos quando os seus danificavam. Ele ganhou dinheiro porque solucionou um problema real. Os empreendedores digitais têm que seguir a linha que o mundo sempre seguiu: A de olhar para os problemas e criar uma solução para eles".

Assim surgiu a Pastar, a partir de um problema vivido pela família de Matheus. "Meu pai teve um prejuízo de cerca de R$ 300 mil, em 2012 por causa da seca. Muitos animais morreram outros foram vendidos a preço de banana porque a gente não tinha praça e tínhamos que entregar o animal ao preço encontrado ali na região. Talvez, se já houvesse solução como a pastar, teríamos achado preço melhor", lembra. Eventick O cientista Silvio Meira costuma dizer em suas palestras que, para inovar, é preciso resolver problemas com ênfase no novo ou criar um problema para ser resolvido. "O problema novo é aquele que ninguém percebia que existia. Quando uma pessoa cria um problema, explicita um número de necessidades que as pessoas não sabiam que tinham". Conhecendo ou não este lema, o cientista da computação, André Braga, 27, o colocou em prática com a Eventick.

Até o momento em que criou a plataforma, as pessoas não viam problema na maneira como os eventos eram divulgados e como os respectivos ingressos eram negociados. Até que ele provou que tudo isso poderia se tornar ainda mais fácil. "As pessoas comumente usam listas de papel para confirmar o nome de convidados. Mas este modelo está ultrapassado. Com a Eventick, dispomos de vouchers com QR Code. Os produtores podem, por meio de aplicativo, escanear, validar e liberar a entrada, sem que para isso seja preciso fazer impressão. De certa forma, acabamos com as filas", explica André.

Há três anos ele e seus sócios lançaram a plataforma personalizada de venda online de ingressos que, hoje, gera um faturamento de R$ 2 milhões por mês. Assim como Matheus, André conta que começou a empreender na faculdade. Primeiro ele criou a AgendaRecife.com, em 2009. Ele e o sócio Adriano investiram na ideia e viram a plataforma crescer de forma muito rápida. "Tínhamos mais acesso que as editorias de cultura dos jornais, mas não conseguíamos ganhar dinheiro com isso. Os donos de casas de chopp não queriam pagar, então a vendemos para a Vamoz, empresa recifense, que ainda mantém a agenda no ar", conta.

Depois que mudou de foco, sem sair da área inicial de atuação, André viu o negócio crescer. Em outubro de 2012, a equipe formada por quatro sócios foi a única nordestina a ser selecionada pela competição "Desafio Brasil" para participar de um programa de imersão no Vale do Silício. Após voltar da Plug and Play Tech Center, incubadora de onde saíram grandes cases como a internacional PayPal, os empreendedores perceberam que precisavam se mudar para São Paulo, estado que concentra maior números de eventos, produto alvo da Eventick. "A experiência no Vale do Silício foi única. Lá, ficou muito claro para nós a importância de coisas como automatização de processos, compartilhamento de informações e o questionamento da praticidade de práticas muito tradicionais", conta.

A Eventick já conta com uma média de 700 mil visualizações mensais e 650 mil ingressos vendidos. A plataforma é utilizada para eventos do Porto Digital e do Ministério de Ciência e Tecnologia, bem como os da Startup Brasil. Quando o evento é gratuito, também é promovido de forma gratuita no site. Quando é pago, a Eventick fatura sobre um percentual dos ingressos vendidos. A compra de ingressos pode ser feita através do PagSeguro, cartão de crédito, débito em conta e boleto bancário.

Apoio Quem opta por criar empresas de base tecnológica pode contar com apoio público e privado, desde a fase inicial do negócio até a fase de consolidação. Algumas universidades federais do Nordeste, como a de Pernambuco, do Ceará, de Alagoas e a do Rio Grande do Norte já contam com incubadoras em suas dependências ou Núcleos Tecnológicos. Outras, como a Universidade Federal da Bahia (UFBA), mantêm parceria com Parques Tecnológicos, iniciativa das Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia.

O Programa Startup Brasil, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é o incentivo que mais se destaca atualmente. Em 2013, 110 empresas nascentes foram premiadas pelo projeto e, no ano passado, em estimativa, 100 startups e 12 aceleradoras foram selecionadas, segundo o Micti. O calendário do programa prevê seleção de startups brasileiras e internacionais duas vezes ao ano - em março e agosto. Cada empresa selecionada recebe até R$ 200 mil de apoio do governo federal e um aporte das aceleradoras privadas que pode chegar a R$ 1,5 milhão.

Nos estados, o Sebrae também apoia o segmento com promoção de eventos e aporte financeiro. Na Bahia, a entidade mantém parceria com a UFBa, Unifacs e o Senai Cimatec para promover os eventos "Startup Weekend", "Painel de Startups da Semana da Computação" e o "Startup Meetup Salvador". O objetivo principal dos eventos, segundo o superintendente Adhvan Furtado, é proporcionar um espaço de encontro e fortalecer o network destes empreendedores. Além de participarem dos eventos promovidos pelo Sebrae, os empreendedores também podem recorrer ao Sebraetec, programa que subsidia em até 80% serviços em inovação e tecnologia para as empresas de micro e pequeno porte. Para contar com o apoio, o empreendedor ou empresário precisa ir a uma unidade do seu estado, conversar com um gestor sobre a necessidade da empresa e confirmar o interesse sobre o serviço disponível. Apesar das iniciativas e da ampliação do número de incubadoras e aceleradoras na região, Pedro Henrique acredita que o poder público e o privado poderiam ajudar muito mais. "Acesso a capital é um problema real que poderia ser resolvido com linhas de crédito específicas para esse tipo de empresa. Os investidores privados também precisam tomar mais risco do que tomam hoje, apostar mais. Mas o ecossistema vem amadurecendo e, a médio prazo, devem aparecer mais iniciativas de fomento a esse tipo de negócio", opina.

Em tempos de crise... Neste período de alta dos juros, inflação e retração do PIB, os empreendedores e suas empresas são de suma importância, porque criam empregos, geram renda e pagam impostos. Em suma, movimentam a economia. Quem visa o faturamento em primeiro plano deve optar por algo mais seguro como as empresas tradicionais e as franquias. Segundo o sócio-fundador da consultora de negócios BA-Stockler, Luis Henrique Stockler, ter uma franquia é a opção mais segura para empreender no momento. "A mortalidade é quatro vezes menor em comparação aos negócios tradicionais. Enquanto 70% dos empreendedores independentes fecham ao longo de cinco anos, apenas 15% das franquias, em média, fecham ao longo do mesmo período". Os setores que continuarão em alta, segundo ele, serão os de alimentação, vestuário e manutenção de veículos. Mas, para quem, como disse o superintendente de aceleração do Porto Digital Pedro Henrique Souza, é apaixonado por inovação e sonha em criar uma solução, vale a pena investir na ideia. O superintendente do Sebrae na Bahia, Adhvan Furtado, afirma que as empresas de alto impacto, característica das startups, conseguem se adaptar ainda mais rápido, porque são investimentos que nascem por oportunidade e não por necessidade. Além disso, os empreendedores podem contar com o apoio das iniciativas públicas para manter o negócio. Souza tem a mesma opinião. Ele explica que este é um ótimo momento para lançar uma empresa digital no país, porque a crise econômica não diminuiu o apetite dos fundos de capital empreendedor (venture capital). "Pelo contrário, atualmente há muitas oportunidades de investimentos para o segmento, e as necessidades do país continuarão fazendo com que o setor siga a todo vapor". O importante, segundo Matheus Ladeia, dono da Pastar, é ter os pés no chão. "A juventude tem uma falsa ilusão de que é muito fácil ganhar dinheiro com negócios de TI e é totalmente o contrário.

O negócio digital é muito mais sensível que um negócio físico. Requer muito mais dedicação dos empreendedores, não tem um centro de custo tão definido e tem que tomar uma proporção um milhão de vezes maior para se tornar rentável. E isso é muito complicado", opina Matheus Ladeia. Já Pedro orienta a quem está chegando que tenha resiliência. "O caminho do sucesso quase sempre é tortuoso e cheio de obstáculos. Não desistir, acreditar muito no seu negócio, trabalhar muito e se conectar com as pessoas certas sempre fazem a diferença". Leia a revista

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