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Pernambucano vence competição mundial com game que compara escolas e prisões

Em um período de árdua discussão sobre a redução da maioridade penal no Brasil, e sobre o papel da educação como forma de reduzir a violência, o jovem Pernambucano, Victor Maristane, de apenas 23 anos, deixou as brigas em redes sociais de lado e criou uma forma prática de promover uma reflexão social sobre as condições ambíguas entre educação e criminalidade.

Com o game "School or Prison", Victor destaca partes de fotos, como grades, cadeiras, celulares, pessoas e muros, e o trabalho dos usuários é descobrir
se a imagem é de uma escola ou de uma prisão. Parece simples, não é? Mas acredite, as semelhanças entre ambas são imensas. "Há uma cultura errônea de que escolas são feitas para filtrar e prisões para punir de que algumas pessoas nasceram para estudar, enquanto outras, para serem presas. E que não há nada a se Pernambucano vence competição mundial com game que compara escolas e prisões fazer a respeito. Não culpo quem pensa assim, porque muitas de nossas escolas não estão educando, e nossas prisões não estão reeducando. A questão é que, só porque a maioria não consegue, não significa que seja algo impossível.

Há vários casos de sucesso dentro e fora do país. É plenamente possível melhorar o sistema", afirma.

Com a ideia, Victor foi um dos 11 finalistas e único representante brasileiro da competição "A Story to Tell", criada pela organização britânica World Merit. O concurso tem a proposta de fazer com que estudantes e jovens do mundo inteiro identifiquem problemas dos seus países e proponham soluções e impactos sociais.

Jovens de nove países também se reuniram na competição para refletir sobre questões sociais e a ineficácia das ações do governo e do Estado. Foram
enviados mais de 35 relatos em vídeos, textos e fotos vindos de locais como Síria, Índia, Sudão, Uganda, Haiti, Paquistão, Jamaica e Grécia, mas Victor, e a paquistanesa Nida Javed (que mostrou e propôs uma reflexão sobre o trabalho infantil existente em seu país por meio de um vídeo) foram os vencedores da premiação, que os levará a uma conferência de educação,
no México, em outubro deste ano.

O game, que está disponível no site da World Merit, foi criado em duas etapas: "a primeira foi a programação do jogo, feita apenas em uma semana. Logo em seguida veio a etapa de refinamento em conjunto com a equipe do World Merit. As imagens continuaram basicamente as mesmas criadas na primeira etapa, mas adicionei textos e realizei melhorias na aparência do site."

Tecnologia como fator de transformação social Victor é uma das mentes inovadoras que vêm usando a tecnologia como um fator de transformação social. O jovem pretende continuar o trabalho com tecnologia da informação e comunicação (TIC) como forma de gerar impactos sociais. "As tecnologias de informação e comunicação são ferramentas poderosíssimas para se prover
direitos e serviços básicos, e só recentemente é que estão aumentando os esforços em usá-las para esses fins. Muitos dos novos negócios sociais de sucesso no Brasil e no mundo, por exemplo, são baseados em TIC.
Eu, pessoalmente, só tenho interesse em trabalhar com tecnologia se for para fazer arte ou gerar impacto social. Todo o resto me parece subutilização", destaca.

No México, o estudante de ciências da computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pretende ampliar o debate sobre o tema e apresentar um aplicativo voltado para a alfabetização de jovens e adultos. "É uma sensação muito gratificante ser premiado internacionalmente por fazer algo de que gosto, com uma temática em que acredito. No México, meu plano é pedir apoio dos
contatos da conferência para amplificar o meu projeto que visa utilizar a tecnologia para alfabetização de jovens e adultos os quais, não por coincidência, são justamente pessoas que, em algum momento evadiram de suas escolas."
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