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Reconhecimento facial: entenda como essa tecnologia já é utilizada

Na prática, o reconhecimento facial faz a correspondência entre os rostos capturados no vídeo em tempo real e um banco de dados de imagens armazenadas. Quando um rosto é capturado pela câmera, a correspondência ocorre simultaneamente e concede ou nega o acesso, ou ainda aciona um alarme para alertar às partes interessadas predeterminadas para que as medidas adequadas sejam tomadas.

Uma estação de ônibus em Madri, na Espanha, reduziu o número de incidentes de 5 por dia para 5 ao mês, depois de adotar uma tecnologia de reconhecimento facial com câmeras da fabricante sueca Axis Communications. Mas, hoje, o uso do reconhecimento facial vai muito além da segurança. O cruzamento da imagem do rosto de clientes com um banco de dados pode permitir que varejistas, hotéis e bancos identifiquem rapidamente aqueles candidatos a um tratamento VIP, por exemplo.

Além disso, reconhecer a expressão facial está se tornando uma ferramenta poderosa de Business Intelligence. Um shopping center na Finlândia, chamado Rajalla På Gränsen, entrou para a vanguarda do Varejo mundial depois de adotar tecnologias que analisam o gênero, idade aproximada e até expressões faciais de quem circula pelos corredores.

“O conceito de reconhecimento facial está se popularizando graças aos avanços tecnológicos recentes, que aumentaram a precisão do sistema, mesmo que a pessoa esteja usando chapéu, óculos escuros e outros artifícios”, explica Andrei Junqueira, gerente de Vendas da Axis Communications.

“Estamos tendo muita procura por parte de estádios que querem negar a entrada de torcedores violentos, por exemplo, ou estações de transporte público que querem reconhecer suspeitos automaticamente. É provável que essa tecnologia ganhe ainda mais popularidade nos próximos anos”, complementa Junqueira.

SEGURANÇA
Uma câmera, tablet ou notebook e um software: isso é o suficiente para a utilização da biometria facial. Segundo o Biometrics Research Group, principal fonte de notícias, análises e pesquisas sobre o setor de biometria global, em 2012, 25% do mercado de biometria era focado em reconhecimento facial e de voz. Em 2015, esse número subiu para 33%.

Uma das preocupações que vêm surgindo com a tecnologia de biometria facial, que tem se tornado tendência na identificação de pessoas em diversos setores, é a questão da invasão de privacidade. Afinal, o que o reconhecimento facial é ou não capaz de fazer? Eles armazenam a imagem?

Infelizmente, alguns sistemas ainda utilizam um banco de imagens que guardam fotos de indivíduos para compará-los, posteriormente, com a própria pessoa. Esse tipo de solução, além de ser considerado, por muitos, invasivo, ainda é dispendioso, já que a empresa precisa arcar com custos de servidores com alta capacidade de armazenamento e câmeras com ótimas resoluções, para que o comparativo entre imagem/face seja feito de forma adequada.

Atualmente, já existem soluções que trabalham de maneira diferenciada. É o caso da ferramenta da startup FullFace, que mapeia 1024 pontos do rosto e a partir disso cria um CPF com as coordenadas numéricas da face (distância entre os olhos, comprimento da face, por exemplo). Esses dados são gravados e armazenados no formato de algoritmos em um banco de dados, que os reconhecem por meio de cálculos. 

“Embora a detecção facial tenha se tornado uma tendência, a utilização dessa tecnologia ainda levanta algumas questões, uma vez que os rostos podem variar de cor, iluminação, posicionamento e escala, o que dificulta o reconhecimento biométrico facial automático”, lembra o CEO da FullFace, Danny Kabiljo, que é especialista no assunto. “As empresas que pretendem utilizar esse tipo de ferramenta devem estar cientes de que o indivíduo, que se submete ao cadastro facial, precisa estar de frente para a câmera e sem muita luz ao fundo, para não correr o risco de escurecer o rosto, garantindo assim que os pontos da face sejam lidos de maneira adequada”, diz.

PREVENÇÃO
A violência é uma das maiores preocupações quando o assunto é os eventos com grande público, como nas partidas de futebol, por exemplo. Algumas experiências em âmbito nacional e internacional, entretanto, já demonstraram que a utilização de tecnologias de biometria digital e sistema de reconhecimento facial são ferramentas eficazes na prevenção de episódios violentos, uma vez que as pessoas com antecedentes policiais são rapidamente identificadas e, a partir disso, as autoridades de segurança podem tomar as medidas necessárias. 

Um caso recente aconteceu com o sistema de reconhecimento facial “NeoFace® Watch”, da multinacional japonesa NEC Corporation, o qual foi utilizado pela polícia do País de Gales, no Reino Unido, durante a final da “UEFA Champions League”, no Estádio Nacional de Gales, onde estavam reunidos cerca de 170 mil torcedores. 

A tecnologia foi usada para monitoramento CCTV, em tempo real, de imagens estáticas e pesquisa de vídeo gravado, garantindo a capacidade de vigilância para localizar pessoas de interesse em listas de vigilância predeterminadas, incluindo criminosos, suspeitos, indivíduos vulneráveis e pessoas desaparecidas. Na oportunidade, foi detido um homem que era procurado pela polícia e havia passado por vários policiais em uma rua principal da cidade, antes de ser identificado pelas câmeras.
Em junho desse ano, a mesma multinacional, juntamente com a sua subsidiária norte-americana, já tinha implantado um projeto piloto utilizando o dispositivo “NeoFace® Express Comercial” e a versão especial da tecnologia, bem como o NeoFace com base na nuvem, como ferramentas de reconhecimento facial para o processo de embarque e desembarque, no Aeroporto Internacional de Dulles, em Washington DC (EUA).

Desde então, todos os passageiros que embarcam em um portão operado pela empresa aérea Emirates Airlines, em voos que partem do Aeroporto Internacional de Dulles com destino a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, têm a imagem capturada e analisada por meio desse dispositivo.

O projeto segue o modelo do piloto realizado no Aeroporto de Atlanta Hartsfield, que é uma das iniciativas do programa de análise biométrica para verificar a identidade dos viajantes que saem dos Estados Unidos e que têm como solicitante o programa de Alfândega e Proteção de Fronteiras, controlado pelo governo federal norte-americano.

“A NEC tem o prazer de participar dos projetos nos aeroportos de Dulles e Atlanta e estamos satisfeitos com o fato da nossa tecnologia de reconhecimento facial ser usada para ajudar a alcançar as maiores missões do programa de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA”, afirma Raffie Beroukhim, vice-presidente sênior da NEC Corporation of America, Divisão de Sistemas de Reconhecimento Avançado.

Já no Brasil, a inovação tem sido usada para diversos fins. Um deles é o pagamento por selfie. O banco digital Neon lançou uma função que permite aos portadores de cartões Visa validarem suas compras online por reconhecimento facial. Pelo recurso, o cliente tira uma foto na abertura de sua conta no banco e essa imagem fica armazenada no banco de dados da instituição, como uma espécie de senha facial, que funciona exatamente como uma senha numérica ou digital. Ao fazer uma compra, o consumidor, então, tira uma selfie e o sistema de segurança e autenticação faz o pareamento para verificar se a imagem corresponde à foto cadastrada no sistema. Leia a revista

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