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Banda larga: avanços e desafios no Brasil

Já imaginou a sua vida hoje sem internet?

Para quem nasceu depois dos anos 90 isso é praticamente inviável.
A impressão é de que só havia dinossauros antes da internet. Imagine agora, quem está nascendo nesta época, justamente quando a rede está consolidada e faz refém toda uma população global? Parece ruim? Mas não é. Essa
dependência é necessária e imprescindível para facilitar a realização das tarefas mais simples do cotidiano, como pagar contas, contactar a
família, realizar negócios e muitas coisas mais. Estar conectado hoje é uma ordem! E, claro, quanto mais se avança na tecnologia, mas exigente fica o mercado, e o consumidor, que comemorou, em maio deste ano, os 20 anos da
internet comercial clamando por melhor velocidade e infraestrutura da rede.

No Brasil, a média de velocidade de banda larga é de 3 Mpbs. Essa variação nos faz ocupar a 89ª taxa de download mais rápida do mundo, atrás de Iraque, Kwait e Sri Lanka, conforme relatório publicado pela Akamai, empresa de
referência na área. Ou seja, a banda larga brasileira está muito aquém do desejado. Por isso, o governo federal criou o Projeto Banda Larga para
Todos, que está para ser lançado, embora ainda não tenha data definida. De acordo com informações do Ministério das Comunicações, a iniciativa
é para melhorar a velocidade e expandir a banda larga no país, e também dar um salto nos acessos, já que prevê aumento da velocidade média das conexões à internet para 25 Mbps, segundo informações do MiniCom.

Portanto, para que o projeto seja possível, o governo busca investimentos públicos e privados em fibras ópticas nas redes de transporte de dados, que levam capacidade de conexão dos municípios e nas redes de acesso, que
vão diretamente à residência. Há ainda investimentos em inovação sendo feitos, por meio do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel - fundo de natureza contábil, com o objetivo de estimular o processo de inovação tecnológica, incentivar a capacitação de recursos humanos, fomentar a geração de empregos e promover o acesso
de pequenas e médias empresas a recursos de capital, de modo a ampliar a competitividade da indústria brasileira de telecomunicações, nos termos do art. 77 da Lei n° 9.472, de 16 de julho de 1997). Um desses projetos em desenvolvimento é o Chip Fotofônico (tecnologia que recorre a elementos de luz para transmitir informações), que aumentará a velocidade da internet de fibra óptica.

No Nordeste, por exemplo, como diz o presidente do Instituto de Tecnologia em Informática do Estado do Alagoas - ITEC, Jorge Almeida, existe uma carência da população por serviços básicos, causada pela pobreza de boa parte da região. "Por isso, a democratização do acesso é um grande desafio. Não me refiro ao acesso gratuito, mas ao acesso de boa qualidade e com preço justo
que possa fazer parte do orçamento familiar sem ter que disputar com outros gastos mais prementes, como saúde e educação", observa.

Segundo Almeida, houve um aumento da quantidade de acessos à banda larga no Brasil: cerca de 7,2 % considerando abril/2014-2015 (fonte: telecom.com.br). "Isso demonstra que o mercado ainda apresenta demanda para este tipo de serviço". Em Alagoas, segundo dados do IBGE, 31,2% dos domicílios particulares permanentes utilizaram internet em 2013, sendo 65% destes por banda larga fixa e 53,5% por banda larga móvel (observe-se que, em vários domicílios, foram utilizados ambos os meios para acesso à banda larga). "As
operadoras de Telecom têm se esforçado muito para manter os acessos fixos em operação, porém a migração para o uso da banda larga móvel tem
se tornado cada vez mais atraente, principalmente sob o ponto de vista da flexibilidade do local de uso e compartilhamento da franquia de dados com outras pessoas, tornando o valor pago menos oneroso para o contratante", disse o presidente do ITEC.

Em Alagoas, as grandes operadoras do mercado de banda larga fixa fornecem uma cobertura muito concentrada na capital, deixando o interior para ser explorado pelos provedores locais que, por sua vez, aumentam consideravelmente a penetração e fornecem serviços de boa qualidade a preço justo. "O governo do estado de Alagoas vem, ao longo dos últimos anos, empenhando-se em facilitar o acesso à banda larga no Estado por meio de sua Infovia, aliado à programas de acesso em Escolas Estaduais e Telecentros, e estuda a oferta de pontos de acesso à internet para uso livre e gratuito
em espaços públicos de grande circulação, como praças, parques e rodoviárias", disse Almeida.

Da mesma forma ocorre no Piauí, cuja capital tem uma infraestrutura de fibra ótica razoável, enquanto o interior do estado tem muita carência. Conforme o diretor geral da Agência de Tecnologia da Informação do Estado do Piauí, Avelyno Medeiros, o acesso à banda larga no Piauí divide capital e interior. Em
Teresina, segundo ele, existe uma internet com boa velocidade nas áreas comerciais localizadas, majoritariamente, no Centro, Zona Leste e nos bairros com classe econômica mais elevada. No interior, no entanto, a situação é bem
diferente. "Menos de um terço das residências possuem conexão e, em muitos municípios, o que há disponível não podemos classificar, atualmente, como banda larga", diz.

Polo tecnológico
No início de 2004, sob a gestão do governador Wellington Dias, foi elaborado um estudo por um consultor do Porto Digital de Recife (PE) para a implantação do Polo Tecnológico do Piauí. Nos anos seguintes, surgiram projetos, a exemplo do Cuia e do Projeto Lagoas, coordenados por José Bringel Filho,
professor da Universidade Estadual do Piauí que recebeu apoio governamental por meio da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI). Já em 2015, o empreendimento foi retomado através de um fórum coordenado pelo Secretário Estadual de Administração, Franzé Silva, que reuniu a ATI,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapep) e Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Tecnológico (Setre), além do setor privado.

De acordo com Medeiros, essa iniciativa foi baseada em três pilares: governo, academia e empresariado, o que possibilitará a evolução de tecnologias
e políticas públicas, potencializando o desenvolvimento intelectual e econômico do Piauí. Sem falar sobre valores, o diretor do ATI disse que o benefício
gerado ao âmbito intelectual torna este empreendimento intangível, "tamanha é sua importância na atual era do conhecimento. Através da internet, tornou-se possível a troca imediata do conhecimento de forma globalizada. Como exemplo, podemos citar os esforços do governador Wellington Dias de universalizar o ensino à distância com maior qualidade e integrar a rede estadual de saúde através do uso da telemedicina".

Banda larga móvel
Um grande avanço da internet é a banda larga móvel. Com o advento da telefonia móvel, ficou muito mais barato levar o serviço para todos. Uma torre de celular, por exemplo, com um único rádio (ERB), cobre uma área de até
5km. "É possível colocar muitas pessoas nesta cobertura, desde que o uso do sistema por cada uma delas seja baixo. É comum encontrar telefonia e acesso móvel à internet em qualquer cidade no Brasil (segundo a Telebrasil, 91,5%
da população brasileira já é atendida pela banda larga), mas a questão reside exatamente na velocidade, pois a infraestrutura disponível não é adequada para suportar o tráfego crescente e necessário para o uso de serviços como o vídeo (stream)", diz o Executivo Chefe de Negócios do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), Eduardo Peixoto.

Para ele, muitos serviços migrarão exclusivamente para a internet, e estarão apenas lá, como jornais, revistas e possivelmente o rádio e a TV. "O custo de distribuição e o alcance são muito maiores e o preço para quem consome é menor. Então, não existe volta. Diante desse cenário, seremos cada vez mais dependentes da internet, e caso ela não avance, pararemos no tempo", completa.

Mas como toda nova tecnologia, existe um tempo de adaptação para que o consumidor conheça e teste o serviço, como ocorre com a banda larga móvel. Há alguns anos, existiam barreiras culturais e técnicas que dificultavam a popularização desse tipo de acesso, assim como a implementação de toda a infraestrutura necessária para a instalação de antenas, de licenças para começar a operar e aprovações ambientais, que levam algum tempo para serem concedidas. Passados estes processos, há, sem dúvida, um crescimento na demanda de lados e preferência dos consumidores por smartphones, segundo pesquisas internas da empresa Claro.

De acordo com o diretor regional Claro Nordeste, André Peixoto, a ampliação
da banda larga depende de esforços do poder público, do setor privado e das
autoridades competentes para a viabilização da instalação da infraestrutura
necessária para oferta dos serviços. De 2012 a 2014, a empresa investiu mais
de R$ 6,3 bilhões em sua rede para oferecer uma boa experiência em internet
móvel aos consumidores. O objetivo da operadora, segundo Peixoto, é expandir
sua cobertura e atender o crescimento urbano do país, para ser referência
em qualidade dos serviços prestados e "proporcionar a melhor experiência aos
seus mais de 71 milhões de clientes".

Já na Oi, no primeiro quadrimestre de 2015, existem cerca de 91 mil portas de
acesso à internet Banda Larga em todo o país. Em dezembro do ano passado,
de acordo com informações da empresa, a Oi disponibilizou as ofertas do Plano
Nacional de Banda Larga (PNBL) em todos os 4.668 municípios de sua área
de atuação no Brasil.

O plano, na Oi, oferece velocidade de 1Mbps e custa R$ 35 (preço promo -
cional com desconto de 5,48%), por mês. A velocidade de acesso e tráfego
na internet é a máxima nominal, e pode sofrer variações decorrentes
de fatores externos. Nos estados em que for concedida isenção de ICMS, a
oferta é feita a R$ 29,90 mensais. Em ambos os casos, o cliente não precisa
pagar pelo modem, cedido em regime de comodato.
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